segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Especialista retrata sobre a atual situação do cinema nacional

Em entrevista com Mahomed Bamba, professor de cinema da Universidade Estadual de Feira de Santana, da Faculdade 2 de Julho e do Centro Universitário da Bahia, pudemos ter a visão de um especialista sobre como está o cinema brasileiro.


No escurinho:Qual a sua formação acadêmica?

Mohomed Bamba:Mestre em Semiótica e doutor em Ciências da comunicação e cinema pela USP

No escurinho: O que você pensa sobre a situação atual do cinema nacional? Tem acompanhado as produções brasileiras?

Mohomed Bamba:A situação atual do cinema brasileiro é mais do que uma confirmação das expectativas suscitadas pela primeira fase da chamada "retomada do cinema nacional" dez anos atrás. Os recentes sucessos de bilheteria de alguns filmes (tanto da Globo Filmes como do cinema independente) representam também uma reconciliação do cinema brasileiro com o seu público. Mesmo se a linha social continua sendo a tônica dominante, a variedade de gênero revisitado pelas recentes produções é também um ponto a destacar.

No escurinho:Você acha que o filme "O ano em que meus pais sairam de férias" tem chance de ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro?

MB:Sim tem suas chances. É um filme com uma história simples e comovente narrada do ponto de vista de uma criança e traz como pano de fundo um período histórico e político em que outros temas são também levemente abordados. O que faz com que o filme acaba tendo um porte universal em termo de valores. Em outras palavras, um conjunto de ingredientes que não deixam indiferente a Academia do Oscar.

No escurinho:Qual filme brasileiro também merecia ser indicado também? Por que?

MB:Do meu ponto de vista todo e qualquer filme brasileiro pode dignamente representar o Brasil em qualquer festival ou no Oscar. Afinal de contas, são filmes brasileiros que carregam em suas tramas narrativas uma parte da realidade social do Brasil.

No escurinho:Como você vê esse sucesso de "Tropa de Elite"?

MB:Corresponde a um momento crucial da retomada do cinema em que os cineastas nacionais estão sabendo conciliar preocupação estética e autoral com as exigências de um amplo público local que quer ver filmes empolgantes. Sem cair forçosamente nas receitas fáceis do cinema indústrial e comercial modelo hollywoodiano, o diretor e o có-roteirista de Tropa de Elite, como outros cineastas brasileiros, souberam sabiamente servir um filme que levanta inteligentemente várias questões socais atuais dentro do formato de um filme de gênero híbrido (ação, drama social, policial,..tudo isso regado como muita violência). O resultado é que conseguiram atigir um grande público antes mesmo de o filme estar nas salas de cinema. Esta receita basta para tirar os filmes brasileiros do geto da cinefilia e aproximá-los do chamado "grande público" ? Eu não saberia responder agora. A coisa parece certa: desde "Cidade de Deus", a formula parece funcionar.


No escurinho:Qual é a sua opinião sobre a crítica brasileira? Os jornalistas estão bem preparados para desempenhar esta função?

MB:A explosão do fenômeno da Cyber-cinefilia e de blogs de discussão sobre cinema levou algumas pessoas a decretar a crise e até o fim da crítica cinematográfica. Não é verdade. Eu chamo isso de uma simples expansão do espaço público de discussão sobre os filmes em que, além da crítica especializada, e notadamente jornalística, encontram-se diversos comentários de cinéfilos. Mas neste espaço polifônico a crítica jornalística e especializada continua o pivô. Ela é fadada a desempenhar um papel preponderante, pois seu profissionalismo e sua qualidade a distinguem do resto das "pseudo-críticas" impressionistas que pululam na net e na blogoesfera.


No escurinho:Qual seu estilo de filme favorito? Por quê?

MB:Adoro todos os gêneros e estilos de filme, com a condição que sejam filmes que tenham uma boa estrutura narrativa (ficção) e me retratem uma realidade social de um modo como os meus olhos nunca me fariam ver (documentário).

Um comentário:

Liana Vidigal disse...

Marcel,

O Mahomed Bamba não é professor da UAM, mas sim da professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, da Faculdade 2 de Julho e do Centro Universitário da Bahia.

Por favor, corrija!!!